Pb Francisco Gomes |
Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto
Jesus começou a fazer e ensinar, até
o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo
Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais também, depois de haver
padecido, se apresentou vivo, com muitas provas infalíveis, aparecendo-lhes por
espaço de quarenta dias, e lhes falando das coisas concernentes ao reino de
Deus. Estando com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas
que esperassem a promessa do Pai, a qual {disse ele} de mim ouvistes. Porque,
na verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo,
dentro de poucos dias. Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe,
dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel? Respondeu-lhes:
A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai reservou à sua
própria autoridade. Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria,
e até os confins da terra. Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima,
enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos - At 1.1-9.
Lucas é o narrador dos Atos dos Apóstolos. Ele também
era médico. Baseou sua narrativa em testemunhos e fatos apresentados pelos
apóstolos de Jesus. Note que, nesses primeiros versículos do livro de Atos, o
evangelista menciona uma relação muito íntima de Jesus com seus discípulos e
aponta momentos de elevada comunhão entre eles. Ele escreve esse livro para
Teófilo e, logo no primeiro versículo, afirma que os fatos narrados são um
tratado. Ou seja, um estudo minucioso de tudo que Jesus começou não só fazer,
mas a ensinar At 1.1. Note que a ênfase dada por Lucas naquilo que deseja
mostrar a pessoa a quem dirige sua pesquisa está no ensinar e não no fazer.
Percebeu? O que ele pretende focar nesse livro é que o interesse a ser
despertado nos seus leitores deve ser o aprender como o fazer de Jesus se
realizava. O fazer de Jesus é uma ação que continua na vida de seus discípulos
e que ainda pode ser aprendido. Não se trata de uma situação do passado, mas
acontece no presente e se estende para o futuro. Ele diz: não só fazer, mas a
ensinar. Note que a ordem entre os verbos fazer e ensinar nos permite a leitura
de ensinar enquanto se faz. Jesus ensinava suas ações à medida que as tornava práticas.
Por isso que Lucas, em princípio, narra os fatos do ministério terreno de
Jesus. Nele, antes de sua morte, ele apresenta a Teófilo, entre algumas outras
coisas, vários sinais, milagres e maravilhas feitos por Jesus. No segundo
momento, no livro dos Atos dos Apóstolos, ele fala dos atos de Jesus
ressuscitado, através do Espírito Santo. Isso deveria chamar a atenção de
Teófilo: o Espírito Santo levaria os discípulos de Jesus a continuarem seu
ministério. No versículo segundo, é nos dito que Jesus deu aos apóstolos que
escolhera mandamentos, ou seja, Jesus deu instruções aos onze pelo Espírito
Santo. Mas o que Jesus ensinou a seus discípulos fazerem? Que instruções foram
essas? Como deveriam realizá-las? Note que ele não ensinou nada mais além do
que já havia dito no seu convívio com seus discípulos antes da ressurreição.
Quando estava com eles certa vez, notificou-lhes que enviaria o Espírito Santo
para lembrar tudo o que lhes havia dito. Ou seja, seria a vez dos discípulos
serem levados pelo Espírito Santo a realizar a obra de Deus à medida que eram
também ensinados. Veja que em um momento, na vida ministerial de Cristo, antes
de sua morte e ressurreição, aos discípulos foi revelada a salvação de Deus.
Porém, após sua ressurreição, deveriam lembrar-se de todas as coisas e a
principal delas era que Jesus é o fundador da fé cristã e que a estratégia das
ações a ser continuada é dada por ele. O Salvador deles está vivo e permanecerá
para sempre com eles. Isso não é uma ficção, mas um fato. Então ele ensinou que
os discípulos esperassem a promessa do Pai que ouviram dele. Seria o batismo
com o Espírito Santo. Era uma breve promessa, não demoraria. Veja que era
necessário para que se cumprisse a promessa do Pai que Jesus estivesse vivo,
pois ninguém cumpre promessa se está morto. Desceria sobre eles o Espírito
Santo. Eles ainda tentaram mudar o foco da questão, pois não entendiam muito
bem o que Jesus os ensinava. Estavam preocupados com o estabelecimento de um
reino terreno. Inquiriram sobre a restauração de Israel, falavam da ação
definitiva da retirada do jugo dos judeus das mãos dos gentios. Tomada do reino das mãos dos homens para que
não reinassem mais sobre eles. Porém Jesus foi ainda mais contundente
dizendo-os que o Espírito era mister para conduzi-los na tarefa de impactar o
mundo. Deveriam iniciar em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra
At 1.8. Mas o que acontece em nossos
dias com os mais variados segmentos da religião cristã? Será que estão levando
em consideração a evangelização como foi anunciada por Jesus? O que constatamos
nos últimos dias é que o sistema religioso cristão tem dado muita ênfase a
concentração de pessoas nos templos e pouco tem feito para sair em busca dos
perdidos. Na tentativa de tornar suas reuniões atrativas têm-se buscado
estratégias, programas de sucesso, técnicas e métodos cada vez mais
sofisticados para iludir as pessoas que participam de suas reuniões. Na verdade
usam truques, através de sugestionamentos, criam-se clichês, usam-se músicas
recheadas com multimídia e dramas, criam-se belos templos, só para atrair seus
ouvintes. Porém seus líderes se esquecem de que a estratégia que Jesus ensinou
a seus discípulos é muito simples, no entanto é a única maneira de impactar o
mundo. E que estratégia é essa? Pregar o evangelho a toda criatura em todo o
mundo Mc 16.15. A evangelização dos povos é uma tarefa que só acontece na vida
dos que são guiados pelo Espírito Santo enquanto pregam o evangelho. A comprovação de que Deus levou aquele
pequeno grupo de irmãos a impactar o mundo é que a igreja primitiva,
principalmente a que viveu os primeiros trinta anos da era cristã, conforme a
narrativa de Lucas nos Atos dos Apóstolos, conseguiu fazer bem mais do que todo
sistema religioso em nossos dias. Note que, na primeira missão pública de
Pedro, quase três mil almas foram agregadas à igreja At 2.41. O Espírito Santo
os impeliu a saírem a anunciar o evangelho e todos os dias acrescentava o
Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar At 2.47. Até o dia da volta de
Cristo, a missão de comunicar Jesus aos perdidos não deve ser negligenciada
pela igreja do Senhor. É necessário que dependamos total e integramente de seu
Espírito. Essa obra é desenvolvida por ele. Não esqueçamos que os discípulos
inquiriram Jesus quanto ao dia de sua vinda, porém Jesus os advertiu para não
se preocuparem, mas que testemunhassem dele. Se olharmos somente para os céus
nos acomodaremos, pois precisamos focar nossa visão no mundo que precisa da
salvação de Deus por meio de Jesus Cristo. Há muito que ser feito, mas são
poucos os trabalhadores. Portanto precisamos intensificar nosso trabalho no
reino de Deus pregando o evangelho de Jesus. Ele é o único que salva.
Pb Francisco Gomes
Essa mensagem lembra a parábola dos talentos, mais precisamente ao que recebeu UM talento o qual foi e enterrou. A igreja está cheia de acomodados, mas creio que há de vir um VENTO muito forte mandado por Deus para tirá-los da zona de conforto. O mundo só será transformar quando isso acontecer, não irá demorar muito. Parabéns pela mensagem.
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