“E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia:
Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados
vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que
agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados
sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e
rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem. Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o
vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas. Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa
consolação. Ai de vós, os que estais
fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis
e chorareis. Ai de vós quando todos os
homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas”.
(Lc 6.20-26)
Todos
os anos, em várias partes do mundo, o comércio enfeita suas portas, as ruas das
cidades ficam mais iluminadas e belas e os lares se enchem de cores para
comemorar o Natal. Muitas pessoas, nessa época, saem em busca de presentes para
fazer a chamada confraternização pela troca deles.
A
indústria de brinquedos, por sua vez, aproveita o ensejo para produzir mais
novidades e deixar seus consumidores mais satisfeitos pelas variedades de
ofertas que lhes são apresentadas.
E
é nesse clima de muita festa, que a figura do Papai-Noel também ganha destaque
por se apresentar muito interessada em doar presentes.
Infelizmente,
nós, cristãos, temos nos envolvido também nesse espírito natalino que aponta
para uma visão de conforto em que associamos o Natal à troca de presentes. Isso
indica um tipo equivocado de se confraternizar, que se resume entre apenas os
que doam presentes na intenção de receber outros presentes. Quem não pode comprar presentes para doar ou
quem não pode receber presente, porque não pode recompensá-lo, não está
inserido nesse tipo de espírito natalino.
Porém
isso tudo destoa do verdadeiro Natal. Para entendermos a missão do real
nascimento de Jesus Cristo, vamos iniciar olhando o capítulo seis de Lucas dos
versos vinte a vinte e seis que falam do benefício de Deus aos pobres.
Em primeiro lugar, quem são os pobres a quem Jesus se refere?
Pobre, na expressão de Jesus, significa aquele que padece necessidade por falta
de suas condições básicas de sobrevivência, e é destituído de qualquer
reconhecimento e honra.
No entanto Jesus nasceu para evangelizar os rejeitados desse
mundo, os desvalidos. (Lc 4.18) Natal nada mais é do que Filho de Deus trazendo
seus benefícios físicos e espirituais do seu Reino aos pobres.
Na Bíblia, a condição dos pobres é mostrada e chama-nos atenção
pelas qualidades indignas em que ela se apresenta. Eles viviam nos campos,
levantavam muito cedo para caçar animais, colherem erva para alimentar a eles
próprios e aos seus filhos, segavam nas vinhas dos ricos que eram deixadas para
trás, andavam nus no relento e, no frio da noite, não se aqueciam, ficavam
expostos à chuva e ao sereno.
Eles eram bastante explorados e humilhados. Seus filhos eram
retirados do peito de suas mães por penhor de dívidas contraídas que não eram
pagas, trabalhavam para os ricos e não tinham direito de se suster com o
produto de seu trabalho. Durante o inverno por não terem lugar seguro para
habitar se refugiavam nas grutas das montanhas e poucos que habitavam na cidade
mendigando, eram mortos à noite pelos ímpios. (Jó 24.2-14)
Então podemos definir, pela bíblia, que todos aqueles que não
conseguem ter seus direitos respeitados por causa de sua fragilidade e sofrem
opressão dos prepotentes são considerados pobres.
No livro de Isaías, no capítulo primeiro, do décimo versículo ao
vinte e oito, vamos encontrar Deus criticando os sacrifícios apresentados pelo
povo de Israel a Ele. Dessa vez, a crítica não era pela qualidade do que era
sacrificado, mas pelas iniquidades dos ofertantes. Deus rejeitou as ofertas daquele povo pelo
fato de seus príncipes serem rebeldes e companheiros dos ladrões, por eles
amarem os subornos contra o pobre; não fazerem justiça ao órfão e desprezarem a
causa das viúvas.
A opressão ao pobre era tão grande que outro profeta chamado Amós
argumenta por que Deus não retirava o castigo da nação israelita. Os ricos,
opressores dos pobres, vendiam o justo como escravo por um par de sapatos. Eles
dormiam com as roupas empenhadas e cobravam dos pobres suas dívidas que se
convertiam na perda de suas vinhas para eles.
Portanto é importante notar que não vale só que nosso dever
religioso esteja bem perante o Senhor para que Ele se agrade de nós. Precisamos
atentar para a maneira que Ele constitui e nos ensina a viver em seu Reino,
onde o principal mandamento de Deus une-se e irrompe-se extraordinariamente em
benefício do necessitado, para que amemos a Deus sobre todas as coisas e o
próximo como a nós mesmos.
O grande desafio nosso é andar pelos caminhos ensinados por
Jesus e, cada dia, nos aproximarmos do modelo de vida por Ele ressaltado.
Precisamos mostrar ao mundo que somos novas criaturas geradas por Cristo e que,
apesar do padrão mundano ser bastante atraente, estamos dispostos a seguir suas
orientações que nos possibilitam um novo viver pela fé em o nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.
O mundo precisa ver nosso testemunho cristão e glorificar a
Deus pelo excelente modelo de vida traçado por Ele e vivido por nós, que nos
guia à verdadeira vida. Não necessitamos de ter a preocupação de sermos
parecidos com o mundo. Tudo isso somente para mostrar ao mundo que somos
semelhantes a ele.
Portanto Deus clamava por justiça aos chefes da casa de Jacó e aos
maiorais da casa de Israel que abominavam o juízo e pervertiam todo o direito.
(Mq 3.9) Segundo o profeta Miqueias, os anciãos davam sentença por presentes, os
sacerdotes ensinavam por interesse próprios e os profetas adivinhavam por
dinheiro. Estava instalada, em Israel, uma abominável perversão contra o
Senhor.
Porém a justiça de Deus é requerida em favor dos pobres e
oprimidos, dos famintos e dos doentes. Um rei justo sempre se levantará em
favor dos pobres, dos órfãos e das viúvas, porque são os desvalidos desse mundo
que necessitam ter seus direitos respeitados.
Jesus afirmou a justiça do Reino de Deus quando entrou em uma
sinagoga, na sua cidade Nazaré, num dia de sábado e foi lhe dada a oportunidade
para ler. Ele abriu o livro do profeta Isaías no lugar em que estava escrito: “O Espírito do
Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a
curar os quebrantados de coração, A
pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em
liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor”. (Lc 4.18,19)
Então, do início de seu ministério até chegar a Jerusalém
onde foi sacrificado, Jesus tornou pública sua vocação de enviado de Deus para
desenvolver a verdadeira justiça aos pobres e oprimidos. Ele vai ao encontro de
todas as necessidades físicas e espirituais. Compadece-se das multidões que
chegam a Ele em busca de solução para os mais diversos problemas e estende a
mão aos pecadores e publicanos, prostitutas e gentios.
Jesus viu que todos os marginalizados precisavam de sua ajuda
e não lhes negou nenhum benefício. Ele alimenta a multidão faminta e estende
sua mão aos cansados e abatidos pelo desprezo dos outros. Usou de misericórdia
com os pecadores e ofereceu-lhes seu perdão. (Mt 4.16).
Nos dias atuais, poderíamos qualificar os pobres pelos
índices de cálculos feitos pela ONU ou pela União Europeia, que apontam
respectivamente rendas per capta de um dólar e vinte cinco centavos por dia e
sessenta por cento da renda média da população do país. No Brasil, define-se
por pobre quem ganha até R$ 140,00 por mês. Não importa o índice econômico que
delineia a pobreza no mundo, basta só que estejamos interessados por Jesus,
para Ele nos ajudar.
Então, ao sabermos que Deus se incomoda conosco, só
precisamos agora crer que, por mais que algumas coisas, nesse mundo, possam nos
faltar, Ele pode nos ajudar independentemente de quais sejam nossos problemas.
Ele nos conhece individualmente, sabe as nossas fraquezas, por isso se
interessa em nos socorrer. Ele verdadeiramente nos ama.
Pb Francisco Gomes
Como seria bom se todos lessem e pusessem em prática o que o autor desse texto sugere.
ResponderExcluirO mundo hoje está cada vez mais se afundando num caos social por faltar o amor nos corações dos homens, que foi ensinado por Jesus.
Este artigo muito em breve estará nas páginas do próximo livro intitulado: NO CAMINHO COM JESUS. (Lançamento em 2015)
Recomendo a leitura do texto. Parabéns a professor e escritor Francisco Gomes.