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terça-feira, 12 de setembro de 2017

A PLENITUDE DOS TEMPOS

“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.5). O significado de plenitude pode ser entendido como algo pleno, total, inteiro, completo. A plenitude dos tempos, a que Paulo se refere, é pouco explorada nos púlpitos das igrejas. Às vezes desejamos que o Espírito Santo nos dê a interpretação de algumas passagens bíblicas (quem não precisa?) e nem percebemos que muitas delas já foram reveladas, basta somente analisar um pouco a história de episódios já ocorridos há anos, os quais são suficientes para compreendermos alguns pontos das profecias. Diga-se de passagem, a doutrina bíblica se fundamenta no cumprimento das profecias, enquanto esta não se cumpre não há fatos, e não existindo fatos não há história. Portanto a história dos judeus, dos romanos e dos gregos é muito importante para entendermos a passagem bíblica na carta universal do Apóstolo Paulo aos Gálatas.
Entre a reconstrução de Jerusalém até o nascimento de Jesus temos mais de quatrocentos anos, esse período é chamado de “o silêncio de Deus”, isto é, Deus não se manifestava ao seu povo de forma alguma, nem por profecias, nem por sonhos e nem por visão, mas num determinado momento Ele enviou um anjo a Nazaré, região da Galiléia, para falar com a virgem por nome Maria, exatamente na plenitude dos tempos. Disse o anjo a Maria: “Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus, e eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1.30,31). Com isso cumpriu-se a profecia de Isaías 7.14 que diz: “portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel”. Por esse tempo, o povo vivia quase sem esperança, talvez por causa do longo período em que Deus permaneceu em silêncio. Foram quase quinhentos anos. Percebe-se claramente a desconfiança do povo quanto a esse acontecimento, a começar por Natanael. Disse Felipe a Natanael: “havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus, de Nazaré, filho de José”. Ao que Natanael respondeu: “pode vir alguma coisa boa de Nazaré”? (Jo 1.46). Apesar dos pesares ele foi conferir e creu. Já a maioria dos judeus rejeitou o Messias, principalmente os sacerdotes e outros da alta cúpula. Temos o exemplo de Paulo, um ferrenho perseguidor da Igreja (At 8). Apesar de seu nome não aparecer nas entrelinhas durante o ministério de Jesus, Paulo sabia de tudo que se passava em Jerusalém. Somente após a ascensão de Cristo é que seu nome aparece como perseguidor da igreja por algum tempo. Mas, depois, a caminho de Damasco, quando ia prender os discípulos (At 9), ele teve um encontro com o Senhor. A partir daí, converteu-se, de perseguidor passou a ser perseguido. Vejamos resumidamente a história dos judeus, dos romanos e dos gregos para entendermos um pouco sobre a "plenitude dos tempos".
Os Judeus
O povo Judeu foi a raça que mais contribuiu para as preparações da primeira vinda de Jesus, aliás, a nação judaica é o relógio de Deus aqui neste mundo. De Abraão até o nascimento de Jesus são dois mil anos de histórias. Foram eles que escreveram o Antigo Testamento (AT). O primeiro escritor foi Moisés por volta de 1400 a.C. a 1300 a.C., vindo depois dele muitos profetas e reis que entraram para a história. Os últimos foram Esdras e Neemias por volta de 450 a.C., depois do cativeiro babilônico. Depois da reconstrução de Jerusalém até o nascimento de Jesus, Deus simplesmente permaneceu em silêncio, não se manifestou nem por sonhos, nem por profecias ou por visões etc. Eis a questão: será que Ele foi descansar um pouquinho e adormeceu? É claro que não, Deus não dorme e nem se fatiga (Sl 121.4; Is 64.4), Ele trabalha sem cessar para aqueles que nele esperam. Portanto é no AT que temos o maior tesouro de profecias escritas pelos Judeus, a maioria já se cumpriram, principalmente as que se refere a primeira vinda de Jesus, por exemplo, Gn 49.10 comp. Lc 1.32,33; Is 7.14 comp. Mt 1.18-20; Is 9.6 comp. Lc 2.9-11; Dn 9.24 comp. Hb 9.11,12; Mq 5.2 comp. Mt 2.1-6 e comp. Jo 7.42. Não dá para relatar os fatos dessas e outras profecias que já entraram para a história, pois daria milhares de páginas. Portanto o AT narra o início da humanidade; conta a história do povo de Israel; mostra figuras que simbolizam Jesus; e contém registros de profecias que ainda hão de acontecer. Exemplo: o arrebatamento da igreja. Tudo isso foi providência divina para o primeiro advento de Jesus que ocorreu na plenitude dos tempos.
Os Romanos
Durante o “silêncio” de quase quinhentos anos, o império romano se instalou com força total nos anos 168 a.C., ele permaneceu até o ano da sua queda em 476 da nossa Era. Esse foi o império mais logo e o mais cruel que já existiu até hoje na história da humanidade. Ele é representado pelas pernas de ferro daquela imagem que Nabucodonosor viu em sonho, e que foi interpretado pelo profeta Daniel. Após dominar toda a península itálica, os romanos conquistaram: a Grécia; o Egito; a Macedônia; a Gália; a Germânia; a Trácia; a Síria; e, por fim, a Palestina. Essas nações eram completamente fechadas, não havia livre acesso entre elas, porém com a expansão do império romano, elas foram interligadas por estradas que dava acesso a muitos outros lugares. Somente assim facilitou a locomoção das pessoas entre cidades e países mais rapidamente, todos tinham plena liberdade. Foi daí que surgiu o ditado: “todo caminho leva a Roma”. Politicamente o império romano contribuiu para: 1º - unificar os povos; 2º - o livre intercâmbio comercial; 3º - e a paz universal chamada de – Pax Romana etc. Apesar da crueldade desse império, eu diria que ele foi usado por Deus para quebrar os ferrolhos de ferro e abrir as muralhas entre as nações que estavam fechadas. Isso facilitou à entrada de pessoas de outras nações em Jerusalém no tempo de Cristo, e também à expansão da Igreja por todos os lugares após a morte e ressurreição de Jesus. É como diz um provérbio popular: “não há um mal que não traga um bem”. Portanto os romanos criaram entre os povos um ambiente favorável à livre circulação, pois todos tinham plena liberdade para ir e vir, apesar de coisas terríveis que aconteceram pelos imperadores romanos.
Os Gregos
Enquanto Roma trabalhou a questão política da livre circulação comercial entre os povos, os Gregos trabalharam a questão intelectual e filosófica. A contribuição que os gregos deram foi implantar a linguagem universal e sua filosofia. O idioma grego se expandiu rapidamente por todos os lugares com a abertura das fronteiras entre as nações pelos romanos. No tempo em que Jesus nasceu o idioma predominante era o grego, por isso o Novo Testamento foi escrito nesse idioma. De maneira que Paulo com muita propriedade escreveu: “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”. Assim como a primeira vinda de Cristo aconteceu em um período plenamente favorável à circulação entre os povos, o que dizer da sua segunda vinda? Paulo revela algo muito semelhante e que acontecerá antes do retorno de Cristo: “porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado” Rm 11.25. Logo, sem sombra de dúvidas, a segunda vida de Cristo será na “plenitude dos gentios”.
A plenitude dos gentios
Gentio é um termo dado a todo aquele que não é descendente da linhagem dos judeus. Esse termo foi um dos temas debatidos em Jerusalém numa reunião do colegiado apostólico há dois mil anos. Diz o texto: “...então, toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios. E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Simão relatou como, primeiramente, Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído; levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificá-lo” (At 15.12-16; Am 9.11-15). Inicialmente Deus visitou a Israel, e sendo rejeitado por esses, Deus voltou-se para nós, os gentios, e nos deu a oportunidade de salvação. O projeto de Deus para a presente Era é tirar dentre todas as nações “um povo para o seu nome”, depois disso tornará a reedificar “o tabernáculo de Davi, que está caído”. Portanto a “plenitude dos gentios” significa a conclusão da retirada de um povo dentre as nações gentílicas. Infelizmente não são todos os gentios que irão ser salvos, assim como não são todos os judeus. Também é possível que a “plenitude dos gentios” esteja vinculada ao tempo em que a depravação moral e social dos gentios chegue ao nível pleno de rebelião contra Deus. Temos o exemplo dos amorreus que foram vomitados de Canaã depois que encheu a medida da injustiça (Gn 15.16). Outro exemplo é Sodoma e Gomorra que chegou a um alto nível de perversão: “porquanto o seu pecado se tem agravado muito” - diz a Bíblia - “Então, o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra” (Gn 18.20 e 19.24). Estamos vivenciando a crassa imoralidade e talvez superior àquelas civilizações dos tempos de Canaã, Sodoma e Gomorra. O que está faltando para Jesus voltar? "E, como aconteceu nos dias de Noé", disse Jesus, "assim será também nos dias do Filho do homem: comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar" (Lc 17.26-30). Portanto é nessa ocasião que Cristo virá para arrebatar a sua Igreja. Eu vejo que o tempo dos gentios já chegou. Jesus breve virá. Que Deus nos guarde. Amém.
Clésio Araújo

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