Acredito que muitas pessoas já proferiram o pensamento
de que todos os caminhos levam a Deus. Isso é o argumento utilizado por muitos
quando desejam afirmar que qualquer religião aponta ao caminho certo a ser
seguido para o céu. A racionalidade humana permite encontrar caminhos
diferentes para auferir algumas metas através de objetivos diversos. Em alguns
casos temos que entender o tratamento dado de uma forma exagerada a todas as
coisas e compreendermos a natureza de cada uma delas.
A generalidade de tudo banaliza a ciência
absoluta da verdade originária das coisas existentes. Não podemos admitir, por
exemplo, que a razão matemática aponte duas alternativas de chegarmos ao final
de uma sentença no momento que quisermos atingir um resultado satisfatório. A Matemática
tem uma razão lógica que admite único caminho lógico para resolver uma questão
ou uma problemática. Se multiplicarmos um número, por exemplo, 5x3,
encontraremos como resultado 15. Porém não será aceita que a representação do
número 15, neste caso, seja a soma de 5+5+5, muito embora tal soma seja igual a
15. 5x3 é igual à forma 3+3+3+3+3. Chamamos essa fórmula matemática de caminho
único para a ciência matemática, visto que se trata de uma ciência exata.
A partir desse pressuposto, podemos olhar
para grandeza de Deus e, principalmente, sua perfeição e reconhecermos que para
chegarmos a Ele precisamos de um caminho único satisfatório, oriundo de sua
própria racionalidade, que revele sua natureza divina, como resultado de um ser
absoluto eterno e imutável. Nesse ponto, temos que partir da maneira como Ele
se revelou aos homens, fazendo-se homem e habitando com ele, para revelar sua
absoluta forma de racionalidade ao mundo. Nesse caso, Deus, mesmo sendo,
absoluto, imutável e eterno também é racional. Ele não é um mito ou uma ficção,
Ele é real.
Um dos textos bíblicos que pode nos ajudar
a compreender com mais objetividade o caminho traçado por Deus para chegar ao
homem e poder debater com ele sua natureza divina, encontra-se no evangelho de
João capítulo terceiro. Nesse capítulo, Jesus, o Filho de Deus, revela a
Nicodemos a forma única de ele ver o reino de Deus: nascer de novo (Jo 3.3). O
príncipe dos fariseus estava vendo o reino de Deus pela expressão dos sinais
realizados por Jesus; sua visão de Deus era proveniente da impressão que tais
sinais lhe causavam. Contudo o Filho de Deus não veio para ser reconhecido como
um mero fazedor de milagres, sua real proposição para o religioso Nicodemos foi
de mudar seu caráter para um recomeço de vida.
Nesse debate com Nicodemos, Jesus fala de
duas coisas que podemos chamar de racionalidade humana e racionalidade divina.
Ele evidencia sua admiração e sua rendição. O mestre viu a atração de seu adorador pelas
coisas sobrenaturais quando ele estabelece os sinais de Deus por intermédio de
seu Filho. Em Nicodemos estava a representação da natureza humana entusiasmada
com os sinais e seus benefícios aos carentes. Sua alma também estava empolgada
por algo da sobrenaturalidade divina, cuja força da racionalidade humana não consegue
explicar. Sua rendição ao Mestre foi notada por Ele que aproveita a
oportunidade para lhe evidenciar o novo nascimento.
Através de dois elementos representantes
da relação do estado na apresentação necessária aos judeus para sua
purificação, água e carne, símbolo das constantes necessidades da lavagem pelo
ritual judaico para purificação humana e o Espírito que sopra em forma de vento,
compreensível, pois rememoriza o acontecimento da ressurreição de vidas no Vale
de ossos secos narrado no livro de Ezequiel, capítulo trinta e sete é que Jesus
apresenta a maneira de o homem chegar ao céu. Enquanto Ezequiel fala do renascimento da
nação judaica pelo poder da palavra de Deus impelida por seu Espírito, Jesus
fala àquele fariseu sobre o novo nascimento realizado por Ele. Em ambos os
momentos está presente a noção de morte e ressurreição física e espiritual que
contempla a promessa de Deus para os que creem em Cristo como o enviado de Deus
para salvar o mundo de seus pecados.
Essa forma sobrenatural de renascimento é
chamada pela milagrosa forma da racionalidade divina do nascer da água e do
espírito. Ela é uma operação da misericórdia divina a qual chamamos de graça,
resultado de seu amor. Portanto é a graça de Deus revelada por Jesus Cristo
através de sua palavra, que transforma completamente o homem e sua natureza
pecaminosa. O novo nascimento jamais será possível à natureza humana, se o
homem tentar realizá-lo por si próprio, pois, assim como os sinais feitos por
Jesus não se explicam pela racionalização humana, a nova criatura resultado do
milagre e poder transformador de Deus também não se cogita por ela.
Por sua grande bondade, Deus prefere dar ao homem um
caráter perfeito através do novo nascimento para que sua busca por Ele não
parta inicialmente do desejo de resposta ao atendimento de suas necessidades
físicas. Ele quer que, ao mesmo tempo em que reconheçamos os benefícios humanos
para nossas fraquezas humanas, glorifiquemo-lo pelos benefícios espirituais que
nos possibilitam ser nova criatura em Cristo Jesus. Para Deus é necessário que
nasçamos de novo (Jo 3.7). Esse é o único caminho pelo qual podemos chegar a Ele:
ser uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17). Isso nasceu de sua perfeita
vontade e não da nossa.
Pb. Francisco Gomes
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