Jesus
inicia o Sermão do Monte mostrando o significado das coisas no reino de Deus e
atribuindo valores relevantes àquilo que era considerado pelo pensamento humanista
da época, desprezível. Pobres, mansos, misericordiosos, pacificadores, desprezados
da justiça foram, por sua vez, dignos de reconhecimento e atenção em suas
palavras.
Assim
Jesus ensinou, em seu primeiro discurso, aos discípulos que estavam próximo a
ele, a lição que revela como as coisas perdem ou ganham seu real valor. Ele usa
o sal metaforicamente para chamar a atenção da responsabilidade atribuída a
seus discípulos e diz-lhes: Vós sois o sal da terra; e se o sal for
insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar
fora, e ser pisado pelos homens (Mt 5.13).
Apesar de Ele não está fazendo nenhuma
referência à deusa de Salus, à saúde, Ele fala de coisa que é do conhecimento
dos discípulos. O sal, em sua época, tinha um valor importante na conservação
dos alimentos e também no sabor da comida. Foi uma grande descoberta na Roma
antiga. O sal era tão extraordinário que os escravos que trabalhavam nas
lavouras de seus senhores recebiam-no como pagamento ou recompensa de seu
trabalho. Com isso Ele desejava mostrar, em primeira análise, como as coisas
podem perder significado se, em um contexto social, não cumprem seu real papel.
Imaginemos numa coisa como o dinheiro que tem
um reconhecimento importante na sociedade atual, no mundo todo, se viesse a se
tornar algo irrelevante, por exemplo. Sabemos que dinheiro
não é fácil de encontrar, porque agrega muitos valores. Mas não é difícil em um
país em que a inflação é muito alta encontrarmos, vez por outra, alguma moeda
ou até mesmo uma cédula de pequeno valor por onde passamos, desprezadas. Isso
ocorre muitas vezes pela desvalorização da moeda que acrescenta com o passar
dos dias, meses e anos, um desgaste em seu valor real de compra.
Quando
isso ocorre é necessário que se faça uma reposição monetária para atrair um
significado de respeito à moeda. Isso se chama correção inflacionária. Porém a
correção inflacionária, embora seja importante, apresenta diversas fraquezas da
economia de um país, pois traz consigo sua instabilidade econômica. Ou seja, as
perdas se acumulam tanto que deixam o salário do trabalhador irrelevante, sua
rentabilidade é diminuída.
Portanto
pior ainda seria se não houvesse nenhuma reposição pecuniária aos salários. Se
acontecesse, por acaso, de não haver nenhuma correção, chegar-se-ia a um
momento em que o dinheiro se desvalorizava totalmente. E aí a pergunta, nesse
caso, seria, para que serve o dinheiro? Como já dizia o poeta: “de que me vale
um saco cheio de dinheiro pra comprar um quilo de feijão”? Sua função no
mercado econômico perderia o sentido de existência por não se encontrar o valor
necessário para as transações peculiares a uma sociedade econômica.
Poderíamos
espalhá-lo pelas estradas e lugares por onde passássemos e não nos faria falta
alguma, por causa de sua desvalorização. E aí aconteceria que passaríamos até
por cima dele, pisaríamos nele, com o tempo, não acreditaríamos mais nele,
sempre que olhássemos para ele sentiríamos um mal-estar terrível. Da mesma
forma que o sal só serve para ser pisado pelos homens quando se torna insípido,
seus seguidores, descritos por Jesus à figura do sal da terra, precisavam estar
disponíveis à exigência de um compromisso necessário ao cidadão do reino dos
céus cuja justiça deveria exceder a dos escribas e fariseus.
Isso
significa que a proposta de Jesus para nós é mais excelente do que a melhor
análise teológica dos melhores religiosos da época. A doutrina de Jesus é pura
sem nenhuma mistura e no final de todo o discurso, Ele mostra-nos que todo
aquele que ouve suas palavras e as pratica é comparado ao homem prudente que
edificou sobre a rocha. Nada o faz sucumbir. Não nos apartemos, então, da
leitura de sua palavra, da oração para que nos faça cumpridores de sua vontade
e dê-nos força para que as boas obras que Jesus realiza através de nós
resplandeçam aos homens e eles glorifiquem ao Pai que está nos céus.
Jesus,
de fato, quer nos salvar da ira de Deus sobre o mundo que vive sua própria lei
pela concepção do pensamento e teoria humanistas que apresentam Deus segundo as
necessidades humanas. Portanto mantenhamo-nos firmes, em pé ao seu lado, sem
nos deixar abalar por nenhuma coisa. Sabendo que as coisas não estão em nosso
controle, mas no domínio dEle. Confiemos inteira e completamente nEle que nos
ajuda a vencer todas as catástrofes desse mundo que se afasta de Deus a cada instante.
Pb. Francisco Gomes
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